quarta-feira, 6 de maio de 2009


As Evidências da evolução

A enorme diversidade dos seres vivos sempre fascinou a humanidade. As idéias mais consistentes sobre evolução dos seres foram propostas pelos naturalistas ingleses Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913) em um trabalho conjunto apresentado, um ano mais tarde, em 1859, Darwin publicou um dos mais importantes livros da história da humanidade. Nesse livro que em algumas traduções recebeu o título simplificado A origem das espécies, ele lançou as bases da teoria evolucionista. Também chamada de evolucionismo, essa teoria trouxe mudanças radicais no pensamento certifico, permitindo compreender nossa relação de parentesco com as outras espécies biológicas.
Pesquisas em diferentes áreas da Biologia têm fornecido numerosas evidências de que o processo evolutivo é o responsável pela diversidade da vida. Segundo a teoria evolucionista, à medida que a Terra era colonizada pelos primeiros seres vivos, há mais de 3,5 bilhões de anos, as espécies se diversificavam, originando outras. Muitas espécies extinguiram-se e outras se perpetuaram até hoje.
Entre as principais evidências da evolução, os cientistas apontam: a) a adaptação dos seres vivos a seus ambientes; b) os fósseis; c) as semelhanças anatômicas, fisiológicas e bioquímicas entre as espécies. Analisaremos, a seguir, cada uma dessas evidências.

• Adaptação

Adaptação é o ajustamento em todo organismo apresenta em relação ao ambiente em que vive. A teoria evolucionista explica a adaptação da seguinte maneira: os indivíduos de uma população apresentam diferenças genéticas entre si; portadores de características adaptativas tendem a ter mais chances de sobreviver e deixar descendentes, o que Darwin denominou seleção natural e Wallace, sobrevivência dos mais aptos. Os “selecionados” ou “mais aptos”, por sua vez transmitem seus genes e, consequentemente, suas características adaptativas aos descendentes. Dessa forma, as características da população modificam-se ao longo das gerações, tornando-se gradativamente mais adequadas e eficientes, dando ao final do processo a falsa impressão de que foram intencionalmente projetadas com um fim específico.

• Fósseis

Fósseis são restou ou vestígios de seres que viveram em épocas remotas. Podem ser de diversos tipos: esqueletos, dentes, ossos de animais conservados no gelo etc. Constituem o mais forte argumento a favor da teoria de que nosso planeta já foi habitado por seres diferentes dos que existem hoje, dos quais os seres atuais descendem evolutivamente.
Fósseis são relativamente raros, pois logo que um organismo morre entram em ação agentes decompositores, que destroem completamente seu cadáver. Para que ocorra fossilização (a formação de um fóssil), são necessárias condições favoráveis a sua preservação . Essas condições podem ocorrer, por exemplo, quando um cadáver é coberto por sedimentos. Os sedimentos depositados podem se compactar e originar uma rocha sedimentar, onde em seu interior, os vestígios do organismo podem se preservar, vindo a constituir um dos diferentes tipos de fóssil.


• Evidências anatômicas da evolução

Certas espécies apresentam estruturas corporais com organização anatômica bastante semelhante, apesar de desempenharem funções diferentes. Vamos considerar, por exemplo, os membros anteriores dos vertebrados.
De acordo com o evolucionismo, durante a evolução de cada grupo de vertebrados, a forma de muitos ossos modificou-se em função da adaptação das espécies a modos de vida diferentes, mas conservou o padrão estrutural básico do ancestral. Assim, a semelhança anatômica entre os membros anteriores dos vertebrados testemunha seu parentesco evolutivo.
Estruturas corporais ou órgãos que desenvolvem de modo semelhante em embriões de determinadas espécies, como os membros anteriores de grande parte dos animais vertebrados, são denominados órgãos homólogos. Apesar da origem embrionária semelhante, órgãos homólogos podem desempenhar funções diferentes, como é o caso das asas dos morcegos, adaptadas ao vôo, e das nadadeiras peitorais dos golfinhos, adaptadas a natação. Por outro lado, determinados órgãos que desempenham a mesma função em certas espécies podem ter origens embrionárias completamente diferentes. É o caso das asas de aves e de insetos que, apesar de estarem adaptadas à função de voar, têm origens embrionárias totalmente distintas. Nesse caso, fala-se em órgãos análogos.
Devido à adaptação, órgãos de origem semelhante, podem ter se diversificado quanto à função. Essa diversificação de órgão homólogos, decorrente da adaptação a modos de vida diferentes, é denominada divergência evolutiva.
Órgãos análogos, por outro lado, são estruturas que aparecem de forma independente em diferentes grupos de organismos, constituindo adaptações a modo de vida semelhantes. Assim, durante a evolução, a adaptação pode levar organismos pouco aparentados a desenvolver estruturas e formas corporais semelhantes, o que é denominado convergência evolutiva.

• Evidências moleculares da evolução

As modernas técnicas de análise bioquímica têm revelado grande semelhança entre a estrutura molecular de diversos organismos. Por exemplo, as proteínas são os constituintes fundamentais de qualquer ser vivo, e todas as formas de vida atuais têm proteínas formadas pelos vinte tipos de aminoácido. Essa semelhança para os biólogos evolucionistas não é mera coincidência, segundo eles, os seres viços têm proteínas semelhantes porque herdaram de seus ancestrais o sistema de codificação genética, basicamente o mesmo em todas as formas atuais de vida do planeta.
A análise comparativa de proteínas e de ácidos nucléicos tem confirmado as semelhanças anatômicas e embrionárias já verificadas entre certos organismos. Um exemplo é a comparação da seqüência de aminoácidos do citocromo C, uma proteína com um pouco mais de cem aminoácidos, presente na maioria das espécies. Essa proteína é exatamente a mesma ma espécie humana e nos chimpanzés. Quando se compara o citocromo C humano com o das baleias, por exemplo, nota-se que eles diferem quanto à posição de 8 aminoácidos. Essa diferença aumenta quando se compara o citocromo C humano com o das aves (diferença na posição de 13 aminoácidos), com o dos peixes (diferença na posição de 20 aminoácidos), com o do trigo (diferença de 37 aminoácidos) e com o dos fungos (diferença de 41 aminoácidos). De acordo com o evolucionismo, essas diferenças refletem nosso maior grau de parentesco com os chimpanzés, com os quais compartilhamos um ancestral há muito menos tempo que com as baleias; e assim por diante.